Rio de Janeiro, 25 de abril de 2024   

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A
 
Além da Idade da Razão

ALÉM DA IDADE DA RAZÃO
Longevidade e saber na ficção brasileira
Carmen Lúcia Tindó Secco
Posfácio: Nélida Piñon
Literatura brasileira - crítica
256 páginas - R$ 46,00
ISBN: 85-85277-10-6

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TRECHO

"É conhecida a discriminação sofrida pelos velhos, desde a Idade Média, na maioria das sociedades ocidentais. Com o advento da modernidade, esse desprezo intensifica-se, havendo, conforme assinala Simone de Beauvoir, uma "conspiração de silêncio" contra a velhice, pois esta "surge aos olhos da sociedade como uma espécie de segredo vergonhoso do qual é indecente falar."

No âmbito da crítica literária, encontramos inúmeros estudos sobre a mulher, sobre o negro, entre outros grupos marginalizados. São reduzidos, entretanto, os trabalhos que analisam como a literatura opera com a velhice. Não temos a pretensão de preencher esse vazio da crítica, porém nos propomos a iniciar, junto com os poucos estudos existentes sobre o velho na ficção brasileira, uma reflexão sobre o assunto. Não é nossa intenção, no entanto, examinar a senescência pela perspectiva das "minorias oprimidas", mas pela filosofia proposta por Walter Benjamin principalmente quando ele reflete acerca da tradição e da modernidade."

 Antologia da Poesia Popular de Pernambuco

ANTOLOGIA DA POESIA POPULAR DE PERNAMBUCO
Mário Souto Maior e Waldemar Valente (organizadores)
Literatura brasileira - Cordel
244 páginas - R$ 55,00
ISBN: 85-85277-34-3


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TRECHO

"Não esqueço o dia dez
De março de trinta e seis,
Quando Bernardino fez
Os seus versinhos fiéis...
Médicos e bacharéis
Me deram toda atenção,
Nessa mesma ocasião
Disse um doutor, prasenteiro:
O poeta verdadeiro
É o cantador do sertão!

Homens de grande importância
E de pronúncia legítima
Sabem que o matuto é vítima
Das trevas da ignorância!
Mas em qualquer circunstância
De amor ou separação,
Quem quiser boa canção,
Não procure outro troveiro!
O poeta verdadeiro
É o cantador do sertão!

O improviso é urgente!
Nos aparece e se esconde...
Chega, ninguém vê por onde,
Passa que ninguém sente...
Por isso um vulto excelente,
De correta educação,
Em tom de admiração,
Nos diz sorrindo e faceiro:
O poeta verdadeiro
É o cantador do sertão!

Quem compra o mundo é dinheiro,
Somos cativos do agrado,
Tempo bom foi o passado,
Dos amores o primeiro,
Planta linda é o craveiro,
Votos, só de gratidão,
Sentir, o do coração!
No meu país brasileiro,
O poeta verdadeiro
É o cantador do sertão!..
"

 A Arte de Viver e Outras Artes

A ARTE DE VIVER E OUTRAS ARTES
Cadernos de João, ensaios, crítica dispersa, auto-retrato
Aníbal M. Machado
Apresentação: Leandro Konder
Ensaios - interpretação
332 páginas - R$ 60,00
ISBN: 85-85277-09-2


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TRECHO

"Esse aglomerado de ossos, vísceras e humores, esse complexo de fibras excitáveis e depósito de memórias - é menos unidade orgânica do que passagem de fluidos, folhas da grande árvore cósmica que liga céus e terra, espírito e sangue, espaço de dentro e espaço de fora em viva transmutação de forças com o Universo.

Ninguém precisa sair de si para participar do ilimitado. Cada qual está perto do longe e contém o todo, como a gota de água é mar dentro do mar.

Basta - dizia Blake - que estejam limpas as portas da percepção para que as coisas apareçam tais como são: infinitas."

A Oficina

A OFICINA
Luciana Viégas
Literatura brasileira - ficção
156 páginas - R$ 44,00
ISBN: 978-85-85277-61-1


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TRECHO

"Ele viu Anna Magnani próximo ao Tabuleiro da Baiana, que era como chamavam o ponto final por onde os bondes que vinham das Águas Férreas arrodeavam, atrás do Liceu de Artes e Ofícios, dois ou três quarteirões afastado do Teatro Municipal, pouco depois da Cinelândia. O busto espetado acima da cintura que mais estufava o contorno das coxas, equilibradas sobre sapatos pontudos de salto, era ela, ligeiramente mais alta do que a maioria, olhou novamente, evidente que os inquietos olhos negros naquele rosto sardento, as sobrancelhas afi ladas, olhos geniosos afrontando os bons modos dos imigrantes que carecem de aceitação, não seriam de outra, e mais uma olhada para as sacolas que carregavam, observou que a seguia uma velha, e ela fez com que a velha subisse primeiro no lotação, vê-se então que seria a mãe pelo zelo com que se tratavam, e ele, estatelado, jamais se esqueceu do que sentiu quando viu Anna Magnani, em seu vestido de linho amarelo com debruns brancos, ir embora. Era a vida que começava, quis pensar, atropelado pela suspeita de que, para quem está sempre de partida, a vida nem começa nem acaba, raio de graça e desgraça, deuses e homens nascidos do comichão desta risada, aquilo era uma mulher."

C
 
Catas de Aluvião

CATAS DE ALUVIÃO
Do Pensar e do Ser em Minas
Affonso Ávila
Literatura brasileira - história e crítica
312 páginas - R$ 60,00
ISBN: 85-85277-29-7


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TRECHO

"É sempre um pouco difícil falar de si mesmo, mas eu vou contar a vocês um pouco de minha vida, o que posso chamar "a minha trajetória", desde a adolescência literária até agora, até esta maturidade. Espero poder, com isso, oferecer alguma coisa que auxilie não só a compreender o meu trabalho, mas a compreender como uma pessoa, um escritor, se forma e vai realizando a sua vida no dia-a-dia, no passo a passo da criação. Eu comecei a escrever muito jovem, aos treze, quatorze anos já escrevia. Escrevia essas coisas que geralmente todo mundo que começa escreve, mas tinha uma curiosidade muito grande por tudo e, embora tenha lutado muito em minha vida, com um começo de vida muito duro, trabalhando e estudando desde onze anos de idade, sempre tive atração pela literatura. Isso, não obstante eu não desfrutasse em minha casa de nenhum estímulo imediato para essa vocação, esse interesse, a não ser, talvez, uma tendência de sensibilidade, herdada de família, de meus avós que eram artistas, ambos músicos, um compositor e maestro, o outro instrumentista. Meu avô materno era homem de forte pendor para as coisas do espírito, pessoa bastante inteligente. De meu avô paterno não posso falar muito porque não cheguei a conhecê-lo. Ele morreu, lamentavelmente, assassinado, quando meu pai era criança, deixando pouca memória, mas em nosso sangue a marca da ascendência espanhola. Meu avô materno viveu a vida quase toda na cidadezinha de Ituverava, nosso lugar de origem, onde mantinha uma pequena orquestra e dominava, por assim dizer, a vida cultural da localidade, para ele ligada em informação ao resto do mundo pela leitura freqüente de jornais do Rio de Janeiro e de São Paulo. A imagem mais viva que guardo dele - eu ainda bem pequeno e ele já idoso e morando em Belo Horizonte - é a de vê-lo na varanda e de sua casa, sentado numa cadeira de balanço, sempre lendo. Sou propenso a acreditar que o fator ancestral tenha, de algum modo, influído na minha inclinação literária."

Certo ou Errado?

CERTO OU ERRADO? -
Atitudes e crenças no ensino da língua portuguesa
Emmanoel dos Santos
Língua portuguesa – estudo e ensino
128 páginas - R$ 46,00
ISBN: 85-85277-16-5


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TRECHO

"A Lingüística pode oferecer alguma colaboração ao professor interessado em trocar preconceitos e crenças sem compromissos com a realidade por conhecimentos a respeito" da língua tão objetivos quanto possível. Alguns problemas são levantados aqui, como a relação entre a realidade da língua oral e a realidade da língua escrita. Há dominância de uma em relação `a outra? Até onde vão os graus de interferência? Há harmonia no encontro dos dois espaços? Há entre elas alguma relação de precedência? É satisfatória a visão que a tradição escolar tem do fenômeno? O problema central é o da heterogeneidade lingüística, a variação inerente a qualquer língua natural. Uma língua em uso em uma comunidade múltipla em vários aspectos necessariamente apresenta-se também diversificada? Uma língua tem uma só norma ou tem várias normas? O ensino da língua materna leva em conta a multiplicidade de usos? Os manuais escolares apresentam a língua como ela é? Levam os alunos a ver a variação como elemento positivo, negativo ou neutro?"

Cheiro de Coisa Viva, O

O CHEIRO DE COISA VIVA -
Entrevistas, reflexões dispersas e um romance inédito: O Estadista
Dyonelio Machado
Introdução, seleção e notas: Maria Zenilda Grawunder
Ficção brasileira - biografia
300 páginas - R$ 60,00
ISBN: 85-85277-13-0


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TRECHO

"Faz dezessete dias que foi proferida a sentença, condenando-me ao grau submédio da pena, ou seja, a dez meses e meio de prisão, e até agora o juiz não teve oportunidade de resolver sobre o sursis impetrado a meu favor.

A velha aspiração popular de uma justiça rápida continua sendo, apesar de todos os esforços, às vezes extremos para a materializar, um simples sonho ingênuo do nosso povo, sonho que não morrerá porque não estão, felizmente, perdidas todas as esperanças. Ponto
importante de um movimento revolucionário triunfante — o de 30 — que logo ficou esquecido, mal se apossaram do poder aqueles que, durante a campanha de propaganda, tanto o preconizavam e defendiam.

A justiça é para a sociedade o que a medicina é para o indivíduo. Ela é um remédio social, de que depende a saúde dum todo. Qualquer decisão jurídica representa um beneficio para a comunidade, benefício que se confunde com a própria vida — por isso que ela é
composta de indivíduos e tudo quanto respeita a um deles diz igualmente respeito a todos. A sociedade tem tanto interesse em punir como em absolver. A justiça é, pois, uma assistência prestada à sociedade, em tudo comparável à assistência que o médico consagra aos seus pacientes. Ora, imagine-se o que seria, na esfera
individual, uma medicina tardia, chegando fora de tempo, fora de toda oportunidade.
"

Comparsas do Riso

COMPARSAS DO RISO
Bernardo de Mendonça
Ilustrações de Andréia Resende
Literatura infanto - juvenil
32 páginas - R$ 34,00

ISBN: 978-85277-55-0


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TRECHO

Quem deu a primeira risada?
E de quê, de quem, riu de si?
Por que é que um homem ri?
A primeira destas perguntas
passo adiante porque não sei.
Mas digo que um homem ri
não porque seja um bobo;
tudo indica valha o inverso:
bobo por certo é quem não ri.
Agora, de que ri um homem
é mais difícil responder
e não por faltarem respostas
como quero mostrar aqui.

Saberá muito de alguém
quem souber bem do que sorri.
Há quem ria dos muito humildes,
dos solitários ou dos tristes.
E há quem deboche dos reis,
dos mais imbecis na soberba,
dos poderosos pelas armas
ou pelo dinheiro que têm.
Sim, saberá muito de alguém
quem souber bem do que sorri.

 

D
 
De Corpo e Alma

DE CORPO E ALMA
Catolicismo, classes sociais e conflitos no campo
Regina Reyes Novaes
Trabalhadores rurais - Brasil
248 páginas - R$ 47,00
ISBN: 85-85277-20-3

Produto momentaneamente indisponível.

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TRECHO

"As religiões se apresentam como as principais fontes doadoras de sentido para a vida. As concepções religiosas, na verdade, ultrapassam as fronteiras do contexto especificadamente religioso, fornecendo um arcabouço de idéias que dão forma significativa a uma parte da experiência intelectual, emocional e moral (Geertz, 1978:140). O objetivo deste livro é compreender o lugar ocupado pela religião no processo de construção de identidades políticas entre os trabalhadores do campo que se mobilizam para ter acesso ao uso, posse e propriedade da terra.

No Brasil, de modo geral, são católicos tanto os trabalhadores do campo que desejam a terra, quanto os latifundiários ou empresários rurais que a monopolizam. Reconhecendo-se como católicos, partilham de elementos de fé, da valorização dos sacramentos e do reconhecimento da hierarquia eclesiástica. Porém, embora façam parte do mesmo corpo de fiéis, trazem para a vivência da religião suas experiências culturais e as marcas de suas diferentes posições na estrutura social. É por isso que, em situações de conflitos sociais, quando proprietários e trabalhadores se tornam opositores, cada lado pode se apropriar das mesmas crenças e símbolos católicos ao seu favor.

Certamente, como ocorre nas cidades, entre os trabalhadores do campo estão também presentes outras crenças religiosas. Isto é , também na área rural o protestantismo histórico, o pentecostalismo, as religiões afro-brasileiras e outras alternativas religiosas se fazem cada vez mais visíveis. Ainda assim - transnacional, hierárquica e sacramental - a Igreja Católica continua sendo a religião dominante no país. Pode-se dizer que há uma "cultura brasileira católica" que se expressa tanto no catolicismo cotidianamente vivido pela maioria da população, quanto em termos da legitimidade para interpretar moralmente o estado e a Sociedade."

Desaparecimento da Infância, O

O DESAPARECIMENTO DA INFÂNCIA
Neil Postman
Tradução: Suzana C. Menescal e José Laurênio de Melo
Ensaio - teoria da comunicação
192 páginas - R$ 55,00

ISBN: 85-85277-30-0


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TRECHO

"Realmente, este livro nasceu da minha percepção de que a idéia de infância está desaparecendo, e numa velocidade espantosa. Parte da minha tarefa nas páginas que se seguem consiste em apresentar provas dessa observação, embora desconfie de que a maioria dos leitores não precisa de muito para se convencer disso. Aonde quer que eu tenha ido falar ou todas as vezes em que escrevi sobre o tema do desaparecimento da infância, tanto os ouvintes quanto os leitores não só se abstiveram de contestar a proposição como prontamente me apoiaram com testemunhos procedentes de sua própria experiência. A percepção de que a linha divisória entre a infância e a idade adulta está se apagando rapidamente é bastante comum entre os que estão atentos e é até pressentida pelos desatentos. O que não é tão bem entendido é, em primeiro lugar, de onde vem a infância e, ainda menos, por que estaria desaparecendo.

Creio ter algumas respostas inteligíveis para estas perguntas, quase todas provocadas por uma série de conjeturas sobre como os meios de comunicação afetam o processo de socialização; em particular, como a prensa tipográfica criou a infância e como a mídia eletrônica a faz "desaparecer". Em outras palavras, na medida em que me dou conta do que escrevi, a principal contribuição deste livro não reside na afirmação de que a infância está desaparecendo, mas numa teoria a respeito do porquê de tal coisa estar acontecendo."

Diário da Patetocracia

DIÁRIO DA PATETOCRACIA
Crônicas brasileiras: 1968
José Carlos Oliveira
Depoimento: Wladimir Palmeira
Crônica brasileira
300 páginas - R$ 58,00
ISBN: 85-85277-15-7


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TRECHOS

13 de fevereiro
"Todo dia um pateta qualquer enfia sua pata numa peça de teatro e corta as frases que lhe parecem atentatórias à moral, aos bons costumes e à democracia. Não se passa uma tarde sem que outro pateta dê o ar de sua graça, cortando seqüências inteiras de
filmes. A Patetocracia não dorme em serviço.
"

21 de março
"Esmagado pelo desalento, ainda me parece lícito fazer uma pergunta. Ei-la: o fato de um cidadão ser Presidente da República lhe dá autoridade para se intrometer em questões de expressão artística?"

20 de abril
"A carga da cavalaria da PM sobre a multidão encurralada contra a Candelária: quem não viu? A investida dos soldados armados de sabres e cassetetes contra a multidão desorganizada e aterrorizada na Avenida: quem esqueceu?"

11 de agosto
"Em Brasília, há crença e confiança — crença e confiança que os estudantes enraivecidos e os delinqüentes juvenis não conhecem. Os primeiros, porque foram lançados na clandestinidade — situação que é geralmente a de todos os brasileiros desde que nos foi tirado o direito de escolher o Presidente da República; e os outros, os delinqüentes, simplesmente porque se encontram na base da pirâmide, razão pela qual só pensaremos neles daqui a vinte anos, daqui a cinqüenta anos, quando eles forem numerosos como ratos, agressivos como ratazanas bloqueadas pelo perigo."

23 de novembro
"O que está faltando a este país é justamente a Ilusobrás, o sonho fabricado sem escanso, um ópio para o povo sofrido. O salário mínimo será de quinhentos contos irreais, e os ricos ficarão ilusoriamente mais pobres, como manda o figurino."

27 de dezembro
"E não esperem que eu escreva sobre política, pois este não é o meu gênero."

O Dilema Multicutural
O DILEMA MULTICULTURAL
Lorenzo Macagno
Antropologia política – Etnologia
304 páginas - R$ 65,00
ISBN/ Graphia: 978-85-85277-72-7
ISBN/Editora da UFPR: 978-85-65888-86-8
Apresentação: Peter Fry
Prefácio: Michael Cahen


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TRECHOS

"O multiculturalismo, como resposta aos desafios da diversidade cultural (surgidos, de modo geral, em consequência da aceleração dos processos migratórios a partir da década de 1970), assumiu diversas formas institucionais. Alguns autores preferem distinguir entre um multiculturalismo "relativamente integrado" e um multiculturalismo "fragmentado". O primeiro foi estimulado por algumas experiências em países como Canadá, Austrália e Suécia. Já o multiculturalismo fragmentado foi associado à experiência norte-americana, cuja autoimagem nacional se alimentou, em um primeiro momento, do mito do melting pot e, após o fracasso desse modelo, da ideia de uma nação concebida como um "mosaico cultural" e étnico. Para além das diversas experiências históricas assumidas pelas políticas multiculturais, é difícil conceber uma cidadania multicultural sem avaliar os dispositivos jurídicos que devem acompanhá-la. Ao mesmo tempo, essa avaliação não pode permanecer indiferente ao funcionamento real de cada comunidade, bem como à lógica dos poderes locais que a orientam. Mas, sobretudo, esses dispositivos não podem negligenciar os discursos sobre a alteridade que cada sociedade produz e fomenta, já que as leis não se aplicam a substâncias culturalmente assépticas ou passivas. Ao que parece, como veremos, o multiculturalismo não tem sido absolutamente bem-sucedido no momento de emancipar-se das ilusões etnogenealógicas da nação e do próprio quadro estatal-nacional do qual emerge e no qual opera. Quais são as diversas representações e autoimagens que cada grupo produz e inventa? Quem são os porta-vozes autorizados para falar "em nome de" um grupo? Em última instância, temos que aceitar que as micronarrativas (pós-modernas) de "raça", gênero e etnia operam na arena de disputas materiais e simbólicas, cujas regras são criadas pelas macronarrativas (modernas) dos diferentes Estados nacionais. Poderá o desafio multicultural subtrair-se desse paradoxo?"

E
 
Escadaria de Jade

ESCADARIA DE JADE
Antologia de poesia chinesa - Séc. XII a.C. / séc. XIII d.C.
A.B.Mendes Cadaxa (seleção e tradução)
128 páginas - R$ 36,00
ISBN: 85-85277-23-8

Produto momentaneamente indisponível

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TRECHO

"Os degraus de jade estão cobertos de geada e as suas pantufas de seda fina molhadas.
Amanhece, ela reentra, baixa a cortina diáfana;
Através dela contempla a lua de outono e espera ainda.
"

Escritos da Maturidade

ESCRITOS DA MATURIDADE
Lucia Miguel Pereira
Literatura brasileira - história e crítica
Segunda edição
360 páginas – R$ 62,00
ISBN: 85-85277-51-3


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TRECHO

"Sem dúvida, o criador necessita do crítico para ser apreciado, explicado; em certas circunstâncias, creio que muito raras, pode inclusive tirar proveito de suas considerações, por elas se guiando para aperfeiçoar-se. Mas é ele quem lhe fornece o tema, o alimento, a razão de ser. Via de regra, a critica não passa de epifenômeno, de superestrutura.

Por isso é que, por muito engenhosa, habilidosa e percuciente que seja nunca será de olvidar de sua condição subsidiária, nunca se há de mostrar arrogante, usurpando um primeiro lugar que não lhe compete. Seu fim precípuo deve ser afinal, induzir os leitores a melhor equipados por suas explicações, conhecer diretamente as obras de que trata.

Impressionista ou científica, falhará à sua missão se não conseguir facilitar a compreensão, a aproximação dos criadores, ajudando a descobrir o que, numa leitura menos atenta, pode permanecer ignorado. Ora, se assumir ares superiores, se sobretudo resvalar para o pedantismo, poderá, ao contrário, dificultar o contato entre o escritor e o público, o que redunda numa quase negação de si mesma."

F
 
Fantasmas Tropicais, Os

OS FANTASMAS TROPICAIS
Bernardo de Mendonça
Posfácio: José Paulo Paes
Literatura brasileira
144 páginas – R$ 50,00
ISBN:
85-85277-53-X


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TRECHO

"Sonhei ontem que voava.
E voar era mais simples,
mais humanamente fácil
a este exausto e velho corpo
do que nadar ou correr,
ou só sair da cadeira,
ir para a cama e deitar.
Bastava saber possível
(e muito bem eu sabia)
minha presença no ar,
fazendo dos braços asas,
asas tão desengonçadas,
sem a elegância das águias,
mas de movimentos hábeis,
livres de qualquer cálculo
ou sobreesforço ou dor,
como sorrir no espelho
ou beber um copo d’água
ou sonhar o que sonhava.

Certo, era vôo baixo,
entre dez a trinta metros,
não mais, acima do chão,
tanto que aos circunstantes
- filhos, amigos, parentes,
mãe e pai ressuscitado –
convidava a vir voar,
comigo ou em vôo próprio,
e me dispunha a instruir
mas brevíssima era a aula
pois toda a lição cabia
em ter fé na novidade
de que voar é só isso:
abrir os braços, fechar,
sentindo a brisa no rosto,
sem deixar pesar o medo
um milímetro que seja
entre o ser e o estar.

Também é certo que, incrédulo,
era o primeiro a buscar
no vôo o próprio vôo
e o prazer de me sentir
a prova e a contraprova
de, mergulhado na dúvida,
ainda sobrepairar
aos que da rua olhavam
- vendo sem acreditar,
mas vendo perfeitamente
de forma a tornar risível
tamanho altar à descrença –
era tão bom quanto o desfrute
de estar, de fato, no ar.

E vejam lá: passeando.
Não era o herói do dia,
o guardião de um feito,
o obrigado a ser grande:
era só mais um sentindo
onde é mais íntimo o efêmero
porque vale a pena,
quando
"

Formas da Crise

FORMAS DA CRISE
Estudos de literatura, cultura e sociedade
André Bueno
Literatura - teoria e crítica
348 páginas - R$ 62,00
ISBN: 85-85277-44-0


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TRECHO

"A crer nas posições pós-modernas mais extremadas, fica parecendo que esse mundo de simulacros, cópias de coisa nenhuma, coleção abstrata de fragmentos históricos sem contexto, seria o campo inteiro do real e do possível. Não apenas, vale notar, projeções distorcidas ou invertidas do processo histórico e social, como a crítica da ideologia cansou de mostrar, mas como uma espécie de alienação da alienação, cegueira da cegueira, da qual seria impossível tomar distância. Por essa via, como pensar um sistema em escala mundial, com muitas determinações, cruzadas e sobrepostas, que relaciona as referências locais e gerais, a mais comum vida de todo dia e os dados complexos de sistemas internacionais de poder, na forma de uma totalidade complexa, contraditória e móvel? Não seria possível, é claro, pois o pensamento pós-moderno tem no conceito de totalidade um de seus alvos prediletos e constantes. Desde logo, identifica-se totalidade e totalitário, como se todo pensamento crítico, sistemático e articulado fizesse uma espécie de terrorismo, eliminando os dados pontuais e locais, os particulares sensíveis que, de fato, precisam ser preservados da absorção cega num grande sistema fechado e totalizado, como expressão do falso, não do real. O problema, posto em perspectiva crítica, seria o seguinte: como manter vivos os particulares sensíveis, os dados e qualidades da experiência mais comum, ao mesmo tempo em que não se perdesse de vista o sistema em escala mundial chamado capitalismo?"

Fim da Educação, O

O FIM DA EDUCAÇÃO
Neil Postman
Tradução: José Laurênio de Melo
Educação
200 páginas - R$ 55,00

ISBN: 85-85277-43-2


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TRECHO

"A escolaridade pode ser uma atividade subversiva ou conservadora, mas é seguramente circunscrita. Tem um começo tardio e um fim prematuro e nesse meio tempo faz pausa para férias de verão e feriados e generosamente nos desculpa quando adoecemos. Para os jovens a escolaridade parece inexorável, mas sabemos que não é. O que é inexorável é nossa educação, que, para todos os efeitos, não nos dá trégua. Por isso é que a pobreza é uma grande educadora. Não tendo fronteiras e recusando-se a ser ignorada, ensina sobretudo desesperança. Mas nem sempre. A política é também grande educadora. Ensina sobretudo, lamento dizê-lo, ceticismo. Mas nem sempre. A televisão é grande educadora também. Ensina sobretudo consumismo. Mas nem sempre.

É o ‘nem sempre’ que mantém o espírito romântico vivo naqueles que escrevem sobre escolarização. A esperança é que a despeito de algumas das lições mais debilitadoras da própria cultura se faça na escola alguma coisa capaz de alterar as lentes através das quais a gente vê o mundo; vale dizer, que a escola não banalizada proporcione um ponto de vista a partir do qual o que é venha a ser percebido com clareza, o que foi surja como um presente vivo e o que será apareça repleto de possibilidade."

Formação Histórica do Brasil

FORMAÇÃO HISTÓRICA DO BRASIL
Nelson Werneck Sodré
Posfácio: Emir Sader
História do Brasil
456 páginas - R$ 89,00

ISBN: 85-85277-38-6

 

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TRECHO

"Há, como se sabe, uma estreita relação entre desenvolvimento industrial e padrão de vida. A defesa da industrialização, em conseqüência, é uma das formas de impulsionar o progresso de países coloniais ou dependentes. No Brasil, como em outras nações, de estrutura econômica idêntica, a influência do investimento estrangeiro tem sido negativa no que se refere à industrialização. O nosso desenvolvimento industrial teve impulso justamente nas fases em que era nulo ou reduzido o afluxo de capitais estrangeiros. Quando esse afluxo cresceu, o desenvolvimento industrial encontrou obstáculos consideráveis."

Forma, Espaço, Tempo

FORMA, ESPAÇO, TEMPO
A. B. Mendes Cadaxa
Poesia brasileira
260 páginas - R$ 56,00
ISBN: 85-85277-25-4


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TRECHO

"Que buscas tu, vela solitária
Rumo ao mar alto, aberto, imenso?

Traga-te onda ligeira
Tu, mais ligeira ainda a remontas
Espadanando espuma qual criança no raso
Brincando com a frol rendada da mareta.
Vais deixando a ló, num bordejo só
Ilha esmeraldina em tua esteira,
Mais e mais te somes no horizonte
Horizonte e sonho, mas que sonho?

O apelo do desconhecido em ti reboa

Não receias, como a tantos acaece
O sonho de monstros se povoe,
Ouvir em lugar de melodias trenos

À medida que o abismo à proa se enegrece?
A brisa te conduz, acalanta e entorpece
Ah, não te apercebes do nascer longínquo
Da tormenta que já se desenfreia.
"

Frei Gaspar de Carvajal volta aos Rios

FREI GASPAR DE CARVAJAL VOLTA AOS RIOS
Bernardo de Mendonça
Literatura brasileira

56 páginas - R$32,00
ISBN: 978-85-85277-59-8


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TRECHO

"Um homem resolve ter um grande barco, com
[uma biblioteca dentro dele,
para seguir pelos rios da Amazônia, sem rota nem [destino nem horários,
e, num remanso, no largo de uma tarde, entrar
[dentro de um livro e escapar.
Um homem velho, passado dos sessenta, deixa
[em Minas a casa e a fazenda,
as montanhas, os filhos, os netos, os negócios, [nenhuma mulher ainda o acompanha,
e por semanas, meses, anos e mais anos, flutua
[sobre as águas com seus livros.
Dois deles tinha escrito e ganhou fama, mas os
[que agora sonha, rio após rio,
ficam impressos ao longo do caminho, até que os
[apague a correnteza
e toda memória vaze então pelo fundo sem fim
[de outro silêncio.
Para que escrever agora, que a vida é tão imensa,
[a não ser como escreve o pássaro o seu vôo?
"

J
 
Jogo de Adivinhar Bicho Invisível

JOGO DE ADIVINHAR BICHO INVISÍVEL
Bernardo de Mendonça
Ilustrações de Pinky Wainer
Literatura Infantil
40 pp - R$ 35,00
ISBN 85-85277-48-3
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TRECHO

"Que bicho haverá
maior que elefante
mas que cabe onde
formiga é gigante?

Será de verdade
uma coisa assim,
fora de medida,
começo ou fim?

(Não parece estranho
ao se comparar:
qual é o tamanho
do cheiro do mar?

No entanto este cheiro
tão grande no ar
cabe no menor peito
que o respirar.)

Pode alguém pequeno,
menor que um grão
ou ainda menos,
ser também grandão?

Se não existir
nem em sonho enfim,
se for só mentira,
então, ai de mim.

Nenhum telescópio
saberá quem seja:
menor que um micróbio,
maior que o planeta."

L
 
Leitor Comum, O

O LEITOR COMUM
Virgina Woolf
Seleção e tradução: Luciana Viégas
Literatura inglesa - história e crítica
136 páginas - R$ 49,00
ISBN 978-85-85277-54-3

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TRECHO

"Como se deve ler um livro? Em primeiro lugar, quero enfatizar o ponto de interrogação no fim do meu título.Mesmo que pudesse responder sozinha à pergunta, a resposta valeria somente para mim e não para vocês. O único conselho, de fato, que uma pessoa pode dar à outra sobre o ato de ler é não seguir conselho algum, seguir seus próprios instintos, usar suas próprias razões, chegar a suas próprias conclusões. Se concordarmos com isso, então me sentirei com liberdade para expor algumas idéias e sugestões pois não se haverá de supor que sejam cerceamentos à independência, que é a qualidade mais importante que um leitor pode ter. Acima de tudo, que leis podem ser formuladas sobre livros? A batalha de Waterloo sem dúvida foi disputada em um determinado dia; mas Hamlet é uma peça melhor que Lear? Ninguém pode afirmar. Cada um deve decidir esta questão por si. Admitir autoridades, mesmo austeramente engomadas e togadas, em nossas bibliotecas e deixá-las nos dizer como ler, o que ler, que valor atribuir ao que lemos, é destruir o espírito de liberdade que é o oxigênio desses santuários. "

linha

Leitora e seus Personagens, A

A LEITORA E SEUS PERSONAGENS
Lucia Miguel Pereira
Prefácio: Bernardo de Mendonça
Literatura brasileira - crítica
Segunda edição
388 páginas – R$ 62,00
ISBN: 85-85277-52-8


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TRECHO

"Concentração... como poderá ela existir num mundo cujo lema é a dispersão, num mundo sacudido entre estertores de prazer e de dor, de ódios e de orgias, onde todos procuram, por todos os meios, sair de si?
Palavra mais vã ainda é aceitação, quando a revolta social e individual imperam, quando todas as cobiças andam soltas, quando, com a fórmula do direito à vida se justificam todos os egoísmos, todas as defecções, quando a inteligência serve à força e esta ao instinto.

Nessa sarabanda infernal, ou o escritor se isola — e perde contato com a vida — ou se deixa arrastar — e se perde a si mesmo. Em qualquer dos dois casos a falência o aguarda, sob a forma da repetição ou da futilidade.

Qual de nós não alimenta, dentro de si, o ideal de um livro que nunca será escrito, de um livro inteiramente sincero, livre, de um livro gerado nas raízes da personalidade, carregado do mistério vital? De um livro que penetrasse muito fundo na alma dos homens, e os acordasse do marasmo em que se
atolam?

Diante de cada nova obra, pensamos: 'Esta será a decisiva, a essencial.' Mas logo sentimos a impossibilidade de levar avante a empreitada; mil liames nos tolhem os movimentos, a sedução da facilidade nos inocula o seu veneno. E a coragem nos falta. A nossa literatura, que desconhece o pudor, é, entretanto, uma literatura de tímidos."

Literatura e História no Brasil Contemporâneo

LITERATURA E HISTÓRIA NO BRASIL CONTEMPORÂNEO
Nelson Werneck Sodré
Literatura brasileira - história e crítica
84 páginas - R$ 44,00
ISBN: 85-85277-26-2

 

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TRECHO

"Em várias ocasiões tenho repetido que um dos aspectos mais característicos do período republicano de nossa história é a sucessão de breves fases de liberdade - sempre relativa, devemos esclarecer - e longas fases de arbitrariedade. Esta observação não cabe para o período monárquico, pois o regime escravista de trabalho, então imperante, bastaria para anular a semelhança. A cultura brasileira seguiu de perto essa sucessão antagônica. Conquanto a relação causal entre o regime político e a cultura seja complexa e desminta a influência direta e contemporânea do regime sobre a cultura , de fato essa relação causal existe sempre e deve ser levada em conta, relegado o esquematismo a segundo plano.

Nosso objetivo, nessas recordações relacionadas particularmente com a quarta década do século, os anos 30, é tentar reconstruir, em linhas gerais, um dos períodos de liberdade política e sua influência no extraordinário florescimento cultural que aconteceu."

Livro Diverso, O

O LIVRO DIVERSO
A Peleja dos Falsários
Bernardo de Mendonça
Poesia brasileira
80 páginas - R$ 35,00
ISBN: 85-85277-12-1


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TRECHO

"Os dois se entreolham
ainda calados:
os olhos de Ascenso,
de dentro para fora,
como de um mirante;
os olhos do outro,
de fora para dentro,
no espelho eterno.
Como contracenam,
um para o outro,
o papel de oposto.
Ascenso, já velho
(com mais de sessenta);
o outro, ainda novo
(não chegava aos trinta).
Ascenso, do alto
de metro e noventa;
o outro, pequeno,
e mais, recurvado.
Ascenso, comendo;
o outro, espiando.
Ascenso, falante,
ator convincente,
de fala serena,
mesmo se empostada,
falando por todos,
no timbre mais alto
e no tom mais grosso,
como um fanfarrão;
o outro em silêncio,
ouvindo no centro
da própria cabeça
o coro dos diabos."

Longo Sonho do Futuro, Um

UM LONGO SONHO DO FUTURO
Diários, cartas, entrevistas e confissões dispersas
Lima Barreto
Literatura brasileira - biografia
426 páginas - R$ 72,00
ISBN: 85-85277-25-4


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TRECHO

"Passei a noite de 25 no pavilhão, dormindo muito bem, pois a de 24 tinha passado em claro, errando pelos subúrbios, em pleno delírio.

Amanheci, tomei café e pão e fui à presença de um médico, que me disseram chamar-se Adauto. Tratou me ele com indiferença, fez-me perguntas e deu a entender que, por ele, me punha na rua.

Voltei para o pátio. Que cousa, meu Deus! Estava ali que nem um peru, no meio de muitos outros, pastoreado por um bom português, que tinha um ar rude, mas doce e compassivo, de camponês transmontano. Ele já me conhecia da outra vez. Chamava-me você e me deu cigarros. Da outra vez, fui para a casa-forte e ele me fez baldear a varanda, lavar o banheiro, onde me deu um excelente banho de ducha de chicote. Todos nós estávamos nus, as portas abertas, e eu tive muito pudor. Eu me lembrei do banho de vapor de Dostoiévski, na Casa dos Mortos. Quando baldeei, chorei; mas lembrei de Cervantes, do próprio Dostoiévski, que pior deviam ter sofrido em Argel e na Sibéria.

Ah! A Literatura ou me mata ou me dá o que eu peço dela."

M
 
Maurício ou A cabana do pescador

MAURÍCIO OU A CABANA DO PESCADOR
Mary Shelley
Tradução: Luciana Viégas
Literatura inglesa - ficção
48 pp - R$ 35,00
ISBN 978-85-85277-71-0
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TRECHO

"Numa tarde de domingo do mês de setembro, um viajante chegou à Torquay, cidade litorânea ao sul de Devonshire. A temperatura era cálida e agradável e as ondas do mar, suavemente agitadas pela brisa, cintilavam sob o sol. As ruas da cidade estavam vazias, pois os habitantes, após irem à igreja, jantavam durante o intervalo entre os cultos: assim o viajante caminhava pelas ruas menores da localidade, em direção ao semicírculo de casas que circunda a enseada, até que parou à porta de uma pousada que tinha a aparência de ser limpa e organizada. Homem de cerca de quarenta e cinco anos, ele era uma figura notavelmente firme, atento e até elegante ao caminhar; seus cabelos eram pretos e encaracolados, ligeiramente caídos nas têmporas; era vistoso, um pouco bronzeado demais e, quando sorria, parecia ser tão bem humorado e gentil que seria impossível olhá-lo sem dele gostar. Nos trajes e nas maneiras, aparentava ser alguém que tivesse conhecido dias melhores mas havia empobrecido; e parecia sério, conquanto não se tivesse abatido pela penúria. Suas roupas, de tecido grosseiro, estavam cobertas pela poeira; vinha a pé e carregava uma mochila afivelada nas costas.
Ele entrou na pousada e, indagando pelo jantar, desvencilhou-se da mochila e sentou-se para descansar ao lado da porta. Neste momento, passou por ali um funeral. Era, visivelmente, de uma pessoa pobre: o caixão, carregado por alguns camponeses, era seguido por quatro carpidores. Três deles, ainda que sérios, demonstravam desatenção e indiferença; o quarto era um menino que tinha por volta de treze anos; chorava, e estava tão tomado pelo próprio pesar que nada observava do que ocorresse perto dele. Alguma coisa na aparência deste menino atraiu a atenção do viajante; e por um momento, quando ele interrompeu o choro e olhou ao redor na direção da porta da pousada, o homem constatou que jamais vira um jovem tão bonito. Virou-se para a proprietária e perguntou de quem era aquele funeral. E quem era aquele menino que o acompanhava?
"

N
 
Nas Nuvens

NAS NUVENS
Bernardo de Mendonça
Ilustrações de Aliedo
Literatura brasileira
32 páginas - R$ 32,00
ISBN: 978-85-85277-70-3

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TRECHO

"Existe um canto, no alto da serra fluminense, que chamavam de Nuvens, porque o céu todo azul era incomum e breve sobre as suas montanhas. Bastavam algumas horas de calor mais forte para o tempo fechar e virem as chuvas, logo depois que a névoa errante, parando o seu cortejo, se juntava e descia até a terra, acinzentando os morros. O sol sumia então completamente, o mundo virava um breu e as águas desabavam. Hoje, os dias se sucedem cada vez mais quentes e ensolarados, e só os antigos recordam o nome do lugar e a sua razão de ser.
Nas várzeas e nos grotões, a mata foi abaixo, transformada em pasto, capoeira, ou em plantações de hortaliças e café, e, por isso, poucos ainda conhecem as plantas nativas e os bichos da floresta.
Ali morava o Manuel, um lavrador, que prometia viver 130 anos como viveram os patriarcas bíblicos. Nos seus últimos dias de vida, costumava andar a esmo, aventurando-se até as cidades vizinhas, longe, cada vez mais longe, nas fronteiras de Minas. Um dia se perdeu, pediu ajuda, e quando perguntaram onde morava, respondeu com convicção:
— Nas Nuvens.
Todos riram, convencidos de que era um velho tantã. Tanto mais insistia, mais debochavam. Penou muito, segundo contava, para se fazer entender, logo ele, nascido e criado nas Nuvens. Esta história também veio de lá.
"


Negro Brasileiro, O

O NEGRO BRASILEIRO
Arthur Ramos
Brasil - Antropologia
376 páginas - R$ 71,00
ISBN: 85-85277-33-5

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TRECHO

"O presente trabalho é o primeiro resultado de um largo inquérito procedido diretamente nos "candomblés" da Bahia, nas "macumbas" do Rio de Janeiro e nos "catimbós" de alguns Estados do Nordeste, sobre as formas elementares do sentimento religioso de origem negra, no Brasil. Foi em virtude da minha profissão de médico legista e clínico, que me pus em contato, na Bahia, com as classes negra e mestiça da sua população, indo surpreender a muito custo e após tenaz e paciente esforço, todos os mistérios das religiões negras e as formas de todo esse cerimonial mágico- religioso de origem africana. Transportando-me para o Rio de Janeiro, fui honrado com o convite de Anísio Teixeira, para instalar um Serviço de Higiene Mental nas Escolas do Distrito Federal. Entre outros afazeres deste Serviço, pus-me a estudar a população dos morros do Rio de Janeiro e por aí, progressivamente penetrei no recôndito das macumbas e dos centros de feitiçaria."

O
 
Obra Completa

OBRA COMPLETA
Manuel de Oliveira Paiva
Prefácio: Rolando Morel Pinto
Ficção brasileira
512 páginas - R$ 89,00
ISBN: 85-85277-08-4

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TRECHO

"O calor subira despropositadamente. A roupa vinha da lavadeira grudada do sabão. A gente bebia água de todas as cores; era antes uma mistura de não sei que sais ou não sei de quê. O vento era quente como a rocha nua dos serrotes. A paisagem tinha um aspecto de pêlo de leão, no confuso da galharia despida e empoeirada, a perder de vista sobre as ondulações ásperas de um chão negro de detritos vegetais tostados pela morte e pelo ardor da atmosfera. As serras levantavam-se abruptamente, sem as doces transições dos contrafortes afofados de verdura.

Serrotas pareciam umas cabeças de negro peladas de caspa. Ao meio-dia a cigarra vinha aumentar a impressão ardente. Os bandos de periquitos e maracanãs atravessavam o ar, em busca do verde, espalhando uma gritaria desoladora, sem um acento de úmida harmonia, sem uma doce combinação melódica, no ritmo seco, árido, torrefeito, de golpes de matraca. O viajante, ao caminhar por algum souto de angicos e paus d'arco, sem uma folha, penetrava instintivamente com o olhar por entre os troncos e garranchos com uma sede, já não de água, mas de uma notazinha vibrada por goela de pássaro cantor. Lá uma rolinha, lá um quenquém, apenas piando.

O pobre emigrava como as aves, que vivem ambos do suor do dia. Eram pelas estradas e pelos ranchos aquelas romarias, cargas de meninos, um pai com o filho às costas, mães com os pequenos a ganirem no bico dos peitos chuchados — tudo pó, tudo boca sumida e olhos grelados, fala tênue, e de vez em quando a cabra, a derradeira cabeça do rebanho, puxada pela corda, a berrar pelos cabritos."

Obra Dispersa

OBRA DISPERSA
Manuel Antônio de Almeida
Literatura brasileira - coletânea
276 páginas - R$ 56,00
ISBN: 85-85277-03-3

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TRECHO

"O tipo hediondamente original dos nossos mandões de aldeia, essa torpe idealização da perversidade, perversidade estúpida, grosseira, esquálida que traz sob a pressão de suas numerosas torpezas todo o interior de nosso país, amparada e sustentada pela outra perversidade inteligente, polida, dourada, que de longe a açula em seus maus instintos para fazê-la servir a seus fins mais indireta porém não menos friamente criminosos, de há muito que devia ter sido trazida às páginas imparciais e eloqüentes do romance.

Nos processos encontram eles juízes venais, testemunhas perjuras para inocentá-los nos seus crimes mais públicos e provados.

Nas colunas da imprensa diária, abertas por sua própria natureza à verdade e à mentira, encontram penas vendidas para escreverem o panegírico de sua malvadez.

Na tribuna, vozes que lhe devem o fôlego, não se animam a erguer-se para profligá-los.

Pois bem, o romance que os trouxer em toda a verdade de sua hediondez ao tribunal da consciência pública, será, quando não mais, uma página de santa vingança."

Obra Reunida

OBRA REUNIDA
Teresa Margarida da Silva e Orta
Ficção brasileira
260 páginas - R$ 56,00
ISBN: 85-85277-06-8

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TRECHO

"Ao cárcere dali me encaminharam,
Onde convosco só fiquei, chorando.
A vós os meus suspiros se elevaram,
Só convosco me estava consolando:
A todos perdoei, que aniquilaram
A honra e a verdade, receando
Que nem assim quisessem que eu respire,
Temendo que a verdade ainda transpire.

Preteridas as Leis da Cristandade,
No cárcere fiquei sem Sacramentos,
Os venenos sabendo da maldade
Que junta o seu triunfo aos meus tormentos:
Não bastava o meu desterro, a Saudade,
A sem razão dos meus abatimentos.
Bárbaro fado meu, por que não basta?
A razão de uns é Mãe, de outros Madrasta.
"

Olhos, Capuzes, Corações

OLHOS, CAPUZES, CORAÇÕES
Antônio Branco
Ficção – seqüestro
96 páginas - R$ 45,00
ISBN: 85-85277-28-9

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TRECHO

"Sabia que estava enfrentando a minha prova de fogo. E, apesar dos pesares, cada vez tinha mais certeza de que ia sair outro dali. O que ainda tinha de infantil, de imaturo, estava sendo cortado naqueles dias, juntamente com algumas idéias feitas, muita coisa preconcebida, que a realidade ou, pelo menos, aquela realidade, ia desfazendo.

Vivi instantes de descobertas, de redefinições pessoais. O seqüestro era um divisor de águas na minha vida. Estava debaixo de um terremoto, no meio de um furacão. Se escapasse prometia para mim mesmo: vou parar e começar do zero."

P
 
Panorama do Segundo Império

PANORAMA DO SEGUNDO IMPÉRIO
Nelson Werneck Sodré
Brasil – história – Segundo Reinado
352 páginas - R$ 62,00
ISBN: 85-85277-21-1

 

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TRECHO

"A marcha da civilização brasileira, no segundo império, se caracteriza pela ascensão e pela vagarosa formação da classe média, com exclusão da nobreza agrária, e pela dissociação da última camada na escala humana, dissociação que se inicia a partir da guerra do Paraguai e que se ultima na abolição. O passar dos anos vai acelerar a transmutação: circulação de elites, substituindo-se a nobreza latifundiária pela classe média dos letrados, na urbanização da vida brasileira. E, também, pelo contraste curioso que marca, em cada etapa para a ascensão do elemento servil, uma etapa na desagregação do império."

Poesia do Grão-Pará

POESIA DO GRÃO- PARÁ
Seleção e notas de Olga Savary
Poesia brasileira
524 páginas - R$ 89,00
ISBN: 85-85277-37-8


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TRECHO

"Pretendi, no início, reunir apenas uns trinta, quarenta, no máximo cinquenta poetas paraenses. Esbarrei no elevado número de bons poetas e nas sugestões de conterrâneos ou não, que me indicavam mais e mais. Assim, o número foi crescendo, passando de cem, no final. Tomei algumas liberdades fora do critério de reservar seis páginas para cada autor (uma para biobibliografia e cinco para poemas - o que nem sempre foi cumprido, democraticamente, por eu não ter conseguido o mesmo material de todos os poetas). No final, tive de "enxugar", reduzindo geralmente para quatro páginas cada autor, uma vez que a antologia passava de quatrocentas páginas. Razões editoriais. Conservei, no entanto, tudo de Abguar Bastos, autor de tão verdadeiro retrato da capital Belém, síntese do Estado. Privilegiei os autores nascidos no Pará, porém não descurei os que se fizeram em nossa terra, embora nascidos em outros estados. São assim duas as partes do livro, em poesia, composta a primeira de poetas paraenses, propriamente ditos, que chamei de "pratas da casa"; e a segunda parte composta de paraenses honorários, aqui chamados de "outras pratas". A liberdade maior, tomei ao incluir, na terceira parte, ficcionistas que possuem texto poético: "Ficção-Poesia". Fica, dessa maneira, representada a poesia paraense, mesmo a que é feita na ficção. Sempre afirmei ser o teor poético dentro da ficção uma qualidade a mais e jamais defeito. Estão aí Clarice Lispector e João Guimarães Rosa que não me deixam mentir."

Propaganda, Inc.

PROPAGANDA, INC.
Vendendo ao mundo a cultura dos Estados Unidos
Nancy Snow
Tradução: José Laurenio de Melo
Comunicação de Massas - Política externa
100 páginas - R$ 45,00
ISBN 85-85277-49-1


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TRECHO

"A USIA costuma dar a seu setor particular de relações externas o nome de "diplomacia pública", eufemismo para propaganda. A definição enciclopédica de propaganda é "instrumentos de guerra psicológica que visam influenciar as ações de seres humanos por meios que são compatíveis com os objetivos do interesse nacional do Estado que os utiliza". A USIA prefere a expressão diplomacia pública ao termo propaganda porque não quer que o público americano pense que seu próprio governo se envolve em guerra psicológica e porque "propaganda" nos Estados Unidos é um termo pejorativo aplicado a manipulação negativa ou ofensiva, sobretudo na arena política.
Pensa-se também que propaganda caracteriza principalmente as odiosas atividades de regimes totalitários do século 20, como o nacional-socialismo ou o comunismo stalinista que utilizavam métodos sancionados pelo Estado para distorcer deliberadamente a verdade. Hoje muitos americanos consideram que seu próprio governo e outras democracias ostensivas como os Estados Unidos em geral dizem a verdade, menos, evidentemente, em tempo de guerra ou quando tentam angariar conversos durante a guerra fria. Surpreenderia a muitos americanos saber que seu governo há muitas e muitas décadas faz propaganda em seu território e em outros países."

R
 
Rimas

RIMAS
José Albano
Prefácio: Manuel Bandeira
Poesia brasileira
268 páginas - R$ 56,00
ISBN: 85-85277-05-X

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TRECHO

"Amor que imaginei, mas nunca tive,
Tão doce enlevo e tão cruel tormento,
Por tua causa choro e me lamento,
Sem que às dores duríssimas me esquive.

Aquele antigo sonho ainda vive
Neste meu coração triste e sedento
E, posto que me seja sofrimento,
Imploro ao Céu que dele me não prive.

Bem, que a males perpétuos me condenas,
Sem a tua presença pura e mansa
As horas vão e vêm, mas não serenas.

De tanto padecer o peito cansa.
Mas entre mil torturas e mil penas
Ainda permanece uma esperança.
"

Romance da Onça Dragona

ROMANCE DA ONÇA DRAGONA
Bernardo de Mendonça
Ilustrações de Pinky Wainer
Literatura infanto-juvenil
40 páginas – R$ 34,00
ISBN
85-85277-46-7


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TRECHO

"De cima de uma árvore, um bicho - acho que uma ouriça (isto é, um ouriço fêmea, como dizem que é correto chamar) - avistou um dia, na beira d'água, outro bicho (muito parecido com um jacaré):

- Olá, você, quem é?
- Lagartixa, não vê?
- Com esse tamanhão?
- Claro: lagartixão.
- Quá-quá-quá, jacaré.
   Pois se for lagartixa,
   sobe aqui em cima
   e me prova que é.
- Vem você cá embaixo.
- Pra você me comer?
- Deixa disso, sua boba.
   Por que vou te comer?
  Gosto de comer mosca,
  mosquito ou formiga.
  Por acaso é você?
- Não está vendo? Sou loba.
- Loba? Com todo esse medo?
- E não faço segredo:
   tenho medo de homem,
   medo de lobisomem,
   até de jacaré.
- Uiva, então, pra mim.
- Se subir nesse pé,
   pode contar que sim.
- Esqueci o seu nome.
   Loba é que não é.
   E não é ratazana,
   nem cachorro ou gato.
   Sei quem é você:
   é um bicho do mato,
   um bicho peludo,
   de pêlo pontudo,
   feito porco-espinho,
   que se arrepia todo
   ou se finge de morto
   pra se defender.

Chega um tatu. O jacaré pergunta:

- Seu tatu, me responda,
   que bicho é aquele
   que no galho se esconde:
   é raposa ou é lontra?

O tatu:

- Quem é, não sei direito.
   Mas sei quem eu sou
   e exijo respeito:
   tatu é o senhor.

O jacaré:

- Que é isso, tatu,
   por que está me estranhando?
   Quem é que fuça o chão,
   faz um buraco fundo
   e vai logo entrando,
   não é mais você não?

O ouriço se mete na conversa, cochichando para o tatu:

- Esse jacaré é doido:
   diz que é lagartixa,
   mas, ó, não contraria
   que ele vai querer briga.

O tatu:

- Que ele é doido de pedra
   qualquer um logo vê.
   Mas me diga, amiga,
   quem é mesmo você?"

S
 
Saga do Mentiroso, A

A SAGA DO MENTIROSO
- Uma História da Falsidade
Tradução: Virgínia Marins Cortez
Veracidade e falsidade - História
324 páginas - R$ 58,00

ISBN: 978-85-85277-56-7


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TRECHO

"O tema deste livro é que, para o bem ou para o mal, a mentira, a inverdade, não é um traço artificial, desviante ou mesmo dispensável da vida. A natureza engaja-se nisso, às vezes com uma engenhosidade notável. A arte, falando de belas, imprecisas coisas, algumas vezes dominou tanto a mentalidade de uma época que os pensadores permitiam-se afirmar seriamente que a vida só pode ser verdadeiramente compreendida em termos estéticos. O impulso de transcender o mero fato literal ocorre em toda a natureza. Os organismos biológicos mais simples transmudam para uma aparência diferente da sua, uma representação pictórica de algum outro organismo menos vulnerável. Poderíamos dizer, por exemplo, que as espécies de Cyclopteras, insetos que parecem folhas, obras-primas em trompe-l'oeil que poderiam ter sido pintadas por um mestre holandês do século dezessete, perfeitas em cor, forma e tamanho, com manchas imitando veias e fungos, são obras de arte É uma hipótese sedutora a de que a falsidade esteja do lado da vida, seja o lubrificante que faz a sociedade funcionar, enquanto a verdade pode ser áspera, perigosa e destrutiva; simples demais, nua demais para a complexidade da sociedade do século vinte e um, herdeiro de um dos cem anos mais brutais da história da humanidade. Para sobreviver em tal sociedade, os homens evoluíram, citando Nicholas Humphrey, como psicólogos natos, leitores por natureza da mente alheia, e é essa penetração no pensamento dos outros que capacita os interlocutores a atenuar seus medos e a manipular as outras mentes com os tipos mais sutis de trapaça. A ascensão da Psicologia Evolutiva, a crença nos poderes terapêuticos da ficção, a necessidade de aceitar o que deveria ser verdade como se fosse verdade, tudo tem contribuído para uma tolerância talvez sem precedentes da falsidade.

Friedrich Nietzsche chamava o mundo de cruel, contraditório, enganoso e sem sentido, e concluiu que precisamos da mentira para conviver nessa sociedade abominável. A necessidade vital de mentir é parte do aterrorizante e problemático caráter da existência. Percorremos um círculo completo desde a antiga tese de que verdade e bondade são gêmeas inseparáveis.

A idéia implícita em nossa atitude cultural é de que a humanidade jamais teria conseguido percorrer o árduo caminho até o alto patamar da escada evolutiva em que se encontra hoje se tivesse se submetido à magra e pobre dieta da verdade.
"



Século de Camus

O SÉCULO DE CAMUS
Artigos para jornal – 1947-1955
Lucia Miguel Pereira
Introdução, seleção e notas de Luciana Viégas
Literatura brasileira – crítica
328 páginas – R$ 62,00
ISBN: 978-85-85277-73-4

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TRECHO

" Depois da guerra de 1914 ainda podia o homem tentar alhear-se ao que em torno de si se passava, abismar-se na contemplação do próprio eu. Depois da de 1939, tal atitude é impossível, já que vemos em toda a parte o indivíduo dominado, sobrepujado, violentado pelos acontecimentos. As cousas as mais surpreendentes ocorrem diariamente, e nem poderiam deixar de ocorrer no caos moral – e em muitos lugares material – em que vivemos. Sendo, não uma cópia, mas uma refração da realidade, o romance tinha que mudar de rumo, de mostrar a criatura humana em luta, não mais tão somente consigo mesma, mas com as terríveis contingências que a esmagam." Lucia Miguel Pereira, 1948.


Sedução da Cidade

A SEDUÇÃO DA CIDADE
Os operários camponeses e a fábrica dos Lundgren
Rosilene Alvim
Migração rural-urbano - Brasil
216 páginas - R$ 53,00
ISBN: 85-85277-19-X


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TRECHO

"Este livro trata do processo de transformação de famílias de trabalhadores de origem rural em grupo operário, durante o período de uma geração. Tal processo implica na inserção desse grupo em uma forma de dominação industrial, diferente daquela a que estavam originalmente submetidos em áreas rurais.

Estudo a família e sua constituição em um grupo de trabalhadores industriais têxteis de uma fábrica situada na cidade de Paulista, Pernambuco, cidade originalmente construída pela fábrica - a Companhia de Tecidos Paulista (CTP) e a ela pertencente. Este processo se caracteriza pela preferência da CTP pela força de trabalho de membros familiares, tendo como conseqüência imediata a vinda, para a cidade de Paulista, de grande número de famílias. Chamo a atenção para o fato de que esta preferência incide, em especial, no seio de unidades familiares com um grande contingente de filhos, de maneira que as famílias numerosas, encontradas em diferentes áreas rurais do Nordeste oriental, são trazidas diretamente pela fábrica; esta, ao enviar agentes aliciadores para aquelas áreas, indistintamente classificadas como interior, forma assim o contingente operário de que a fábrica necessita para a sua expansão. 

A revelação da importância da família no processo de formação desse grupo operário, enfatizada pela memória dos trabalhadores, veio ao encontro de meu interesse prévio no estudo da família, de tal forma que pude conjugar meu objeto de estudo - antes voltado para análise sincrônica das relações sociais encontradas na família diretamente observada, a família do presente, -com a descoberta desse passado tão freqüentemente referido pelos trabalhadores em questão. A análise do processo de constituição da família visto a partir da formação de um contingente de trabalhadores industriais de origem rural é, assim, uma das contribuições originais desse trabalho."

Sem Fantasia

SEM FANTASIA
Masculino-feminino em Chico Buarque
Maria Helena Sansão Fontes
Crítica e interpretação - música popular
200 páginas - R$ 55,00
ISBN: 85-85277-45-9


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TRECHO

"a intensa valorização da mulher na obra de Chico Buarque transcende à simples e convencional escolha do sexo oposto como musa inspiradora e objeto de exaltação poética. Coexistindo com essa postura natural que coincide com a de inúmeros poetas e compositores, há em Chico Buarque um dado relevante que o difere dos demais no que se refere ao tratamento dado à figura feminina. A análise de textos referentes à mulher; às transgressões femininas; à submissão da mulher ao homem; à mulher no contexto social opressor; à mulher como elemento injustiçado cultural e socialmente ao lado de outros elementos marginalizados (como o menor abandonado, o operário ou o favelado) comprova que há em Chico Buarque simpatia e solidariedade a esses elementos que o impulsionam a criar textos ostentando poeticamente desassombro e inconformismo de natureza social e existencial."

T
 
Tempero da Vida, O

O TEMPERO DA VIDA E OUTROS ENSAIOS
G. K. Chesterton
Tradução: Luciana Viégas
Literatura inglesa - cultura contemporânea
192 páginas - R$55,00
ISBN: 978-85-85277-57-4


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TRECHO

"Estou cada vez mais convencido de que nem nos temperos especiais de vocês nem nos meus, nem na corrida ao pote nem ao meio-pote, nem na mostarda nem na música, nem em alguma outra distração da vida, está o segredo que todos procuramos, o segredo de apreciar a vida. Estou absolutamente convicto de que todo o nosso mundo terminará em agonia, a menos que haja alguma forma de fazer a própria mente, o pensamento comum que temos em horas comuns, mais saudável e mais feliz do que parecem ser agora, a julgar pelos romances e poemas mais modernos. Deve-se ser feliz naqueles momentos tranqüilos em que se recorda que se está vivo; não naqueles momentos ruidosos em que se esquece disso. A menos que possamos aprender novamente a apreciar a vida, não apreciaremos por muito tempo os temperos da vida. Certa vez li um conto de fadas francês que expressava exatamente o que digo. Nunca acredite que a inteligência francesa seja superficial; ela é apenas a face brilhante da ironia francesa, que é incomensurável. Era sobre um poeta pessimista que decidiu se afogar; à medida que ele afundava no rio, entregava de presente seus olhos para um cego, seus ouvidos para um surdo, suas pernas para um coxo, e assim por diante, até o momento em que o leitor esperava a declaração de seu suicídio; mas o autor escreve que este tronco inconsciente instalou-se nas margens e ele começou a experimentar a alegria de viver: la joie de vivre. A alegria de estar vivo. É preciso ir fundo, e talvez amadurecer, para saber o quão verdadeira esta história é."

Três Tempos do Jogo, Os

OS TRÊS TEMPOS DO JOGO
Anonimato, fama e ostracismo no futebol brasileiro
Sérgio Montero Souto
Prefácio: Luiz Mendes
Ensaio – teoria da comunicação
112 páginas – R$ 45,00
ISBN: 85-85277-32-7


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TRECHO

"Este livro busca analisar a trajetória - do anonimato à fama repentina e dessa, ao recolhimento no ostracismo - do jogador de futebol, principal estrela de um negócio que João Havelange, ex-presidente da Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA), estima movimentar US$ 250,11 bilhões (Carta Capital, junho/96). 

São seres dotados de uma capacidade rara, incomum mesmo entre os mais brilhantes nomes da literatura mundial: a de fazer multidões, reunidas lado a lado, separadas apenas pelas paixões por seus pavilhões, rirem e chorarem a um só tempo.
Extasiarem-se e desesperarem-se em frações de segundos. Os responsáveis pela movimentação de bilhões de dólares e pela mobilização dessa carga emocional já suscitaram os mais diversos adjetivos, não raro grandiloqüentes: heróis, mitos,deuses... 

Essas nomeações me remetem a autores que se debruçaram sobre a análise da geração e do desenvolvimento dos mitos e o papel dos heróis, em busca de um suporte teórico para esta pesquisa. Um estudo comparado entre os ritos do nascimento dos grandes heróis épicos e o de craques consagrados  é fundamental para se alcançar uma compreensão mais profunda do tema. O caminho seguido foi a análise do nascimento dos mitos, aplicado ao caso em estudo, bem como a contextualização desse universo dentro de uma sociedade moderna e estruturada de forma tão desigual como a nossa."

Triângulo Espacial

TRIÂNGULO ESPACIAL
Guy Pinheiro de Vasconcellos
Ficção científica
316 páginas – R$ 60,00
ISBN: 85-85277-22-X

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TRECHO

"A tripulação da espaçonave era composta de quatro pessoas, de diferentes nacionalidades, que deveriam descer à superfície do planeta num módulo denominado Aranha, enquanto a nave interplanetária que os trouxera da Terra continuaria em órbita. Uma vez pousado o artefato, dois dos quatro astronautas permaneceriam em seu interior ou nos seus arredores imediatos, enquanto os outros dois iriam explorar o alvo indicado.
O local estava assinalado por enormes esferas, de cor diferente da do solo da região, formando em seu conjunto uma flecha indicativa de um ponto no sopé da montanha. De onde o módulo pousara até o objetivo, havia cerca de quinhentos metros, a serem vencidos a bordo de um veículo elétrico, alimentado por baterias solares, logo apelidado de Inseto, devido às suas múltiplas antenas e arestas.
"

 

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