Breve relato da invasão do Rio Janeiro pelos automóveis

A OFICINA
Luciana Viégas
Literatura brasileira - ficção
156 páginas - R$44,00
ISBN: 978-85-85277-61-1

Imigrantes alemães e nordestinos se encontram numa casa do Rio de Janeiro. O primogênito dos alemães, adventistas, corre no Circuito da Gávea, prova pioneira do automobilismo no país. Na disputa, a participação de Nino Crespi, Carlo Pintacuda e da exuberante Dona Hele-Nice. O caçula da família de Pernambuco, cuja mãe expulsa-o da carreira política, é locutor de rádio e forma-se bacharel. Esteve em Brasília antes da inauguração, da capital foi defenestrado trinta anos depois para mergulhar definitivamente nas lembranças do Recife. Antes disso, andara de pouso em pouso até que se extasiou com a aparição de uma estrela de cinema ? herdeira da oficina dos alemães em seus dias de glória ? em pleno centro da cidade, próximo à Cinelândia. Na convivência, os descendentes testemunham a decadência da firma, o crescimento urbano, os sonhos abandonados, o comércio da fé, a desilusão dos políticos de colarinhos frouxos: são personagens que, numa cidade entupida por automóveis de inúmeras marcas, cores, modelos, tipos de financiamento, traçam vidas comezinhas. No entanto, sob o amesquinhamento de vidas subjugadas à normalidade cotidiana, a narrativa se ilumina no cruzamento de fatos do passado, da história carioca, de referências da literatura e do cinema e de depoimentos metalingüísticos que, distorcidos, algumas vezes, até o limite do absurdo, garantem absoluta autonomia ficcional ao que se pretendeu, originalmente, memória.

O LIVRO E A CRÍTICA

"O romance não segue uma ordem cronológica, e seus capítulos parecem independentes uns dos outros. Em meio a eles, são inúmeras as referências literárias ? aos grandes cronistas da vida carioca, como Antonio Maria, Rubem Braga e Sérgio Porto, e a poetas do porte de João Cabral de Melo Neto e Carlos Pena Filho (um dos mais importantes poetas pernambucanos). Ou até mesmo referências aos sucessos da Jovem Guarda e a escalações de Copas do Mundo" (Tiago Zanoli, "A trajetória de duas famílias de imigrantes", A Gazeta Livros, 27/2/2012)

"Dotada de um estilo refinado e poético, a autora de A Oficina começa sua narrativa de forma nebulosa, e o leitor só começa a compreendê-la conforme avança na leitura. Ela, que também já traduziu obras de Virginia Woolf e G.K. Chesterton, diz ter se embebido muito mais na obra de poetas brasileiros do que propriamente de romancistas, para compor o estilo de sua estreia ficcional." (Yuri Al'Hanati, "Encontro insólito entre alemães e nordestinos", Gazeta do Povo, 11/1/2012)